quinta-feira, 16 de julho de 2015

A semiótica do sucesso

ninguém te viu como eu te vi,
um sobressalto de sangue,
uma tradução nebulosa
um poema escrito no metro em direção a Odivelas
isto porque eu sei que ninguém te escreveu
ou contemplou a enfermidade
que trazes esculpida na alma
talvez porque mais ninguém traz letras suficientes
na boca,
talvez porque te pareças com uma ave ferida
pela pós-modernidade,
e o meu instinto é demasiado solto
na tua postura muito reta
na gravata inesperada aos trinta
toda a tua invisibilidade relata
a semiótica do sucesso.
no teu fato construído com a paciência neoliberal
que tanto dizes apreciar
enquanto secretamente querias passar os dias

comigo e uns gramas de marijuana.